BeatBossa

sexta-feira, agosto 31, 2007

amor à flor da pele

“He remembers those vanished years. As though looking throusth a dusty window pane, the past is something he could see, but not touch. And everything he sees is blurred and indistinct.”

Cinema e música. Se essas duas artes sempre andaram juntas desde o cinema mudo, nos tempos atuais não pode ser diferente. Vou falar de “amores à flor da pele” - Fa yeung nin wa (2000) - por uma absurda necessidade de compartilhar minhas impressões sobre o filme. O enredo não tem nada de especial. Dois vizinhos de apartamento descobrem, ele que sua mulher, e ela que seu marido estão traindo eles com os vizinhos. As viagens que cada um deles fazia era desculpa para se encontrarem. Assim, o Chow e a Chan acabam se envolvendo naturalmente. Do gosto comum pelos folhetins de artes marciais, olhares discretos nos corredores até uma necessidade de vingança que joge ao controle de ambos e a paixão nasce.

Claro que um bom filme nasce de uma boa história. Mas como dizia o Glauber, cinema é imagem. E Wong sabe usar uma câmera. As cena são rápidas, os personagens trocam poucas palavras entre si, cumprimentos, elogios de vizinhos, fofocas de vizinhos, telefonemas. A câmera se move por essas cenas como que captando os fragmentos das vidas aos pedaços que essas pessoas levam. Ou melhor, dos relacionamentos incertos e frouxos. A solidão que sentimos quando vemos cada um deles, entres a si mesmos, caminhando ao som de um bolero de Nat King Cole. Não há palavra. É só a câmera, a beleza plástica de um homem fumando na chuva, uma mulher abusando da sensualidade de seus movimentos, do molejo de seu corpo que caminha suave e com passos firmes. A beleza longilínea da mulher oriental.

Mas um relacionamento que começa como uma forma velada de vingar a traição não pode acabar bem. E a única coisa sobre a qual falavam era sobre seus cônjuges, sempre ausentes, na vida deles, e na câmera (só ouvíamos suas vozes, em cenas rápidas). Até que Chow é convidado para trabalhar em Singapura, e aceita. É quando percebem a conexão que existe entre ambos. O filme faz parte de uma trilogia constituída ainda por “Amores expressos”, e “2046”. E a conexão é clara entre o último e esse. Além de ser um ano mítico, é também o número de um quarto em que Chow se hospeda. No final deste, Chow já havia começado a escrever, e no começo daquele ele é um escritor de histórias sobre artes marciais que volta a Hong-Kong, é quando começa sua busca pela mulher que ele deixou lá, há tanto tempo atrás. Uma conversa interessando com “ano passado em Marienbad”, onde memória e fato se confundem, e não temos mais certeza se nossas lembranças que são confusas ou conhecemos de fato a outra pessoa.

ps. sei lá o que aconteceu. no código fonte os tamanhos da fonte estão os mesmo. então que se foda. abç

quarta-feira, agosto 29, 2007

desviciando

Tô querendo me desviciar de algumas coisas ruins, tipo cigarro, cerveja, vodka, amor à primeira vista, amor mal-resolvido, e outras coisas de baco que dão um puta prazer. Mas parece que certas coisas estão além do meu controle. Bem. Faz dois dias que não escuto "Rhapsody in Blue" do George Gershwin, isso quer dizer que estou me desviciando dessa música. Eu vi um filme imensamente sensacional no domingo e acho que amanhã se nada der errado eu posto uma resenha dele aqui.
Agora eu preciso voltar pro meu artigo.

ps1. sim estou lendo quatro livros ao mesmo tempo (fora os de lingüística)
ps1.1. sim, ainda estou lendo "a pedra do reino"! quer o quê? já viu o tamanho dessa odisséia tapuia-barroca-sertaneja?

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domingo, agosto 19, 2007

minnie the moocher





Nos dois é o Cab Calloway cantando a sua música. Pra ver como as boas músicas são atemporais.

rocky horror picture show



Já haviam me falado muito sobre esse filme, e finalmente consegui baixar e ver. É um musical espécie de pastiche de filme de terror. Me lembrou daqueles episódios em que o pica-pau cai num castelo no meio do nada com um cientista maluco criando monstros. Aqui é quase isso. Temos um casal de jovens púdicos, com a Susan Sarandon, linda e ingênua, mas que se entrega aos prazeres da carne. Tim Curry, como Frank, um cientista maluco e travesti que quer criar um homem perfeito para seu uso pessoal, além de uma trupe de criaturas estranhas que são seus serviçais, e um narrador sarcástico que aparece para comentar de vez em quando. Essa cena é do começo, e para mim a melhor música do filme todo, a segunda é a cena em que Janet não resiste e se entrega ao Rocky, o ariano que Frank criou: http://www.youtube.com/watch?v=tTk9zHcFkXg.

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sexta-feira, agosto 17, 2007

cem filmes essenciais

Lista da Bravo! com os cem filmes essenciais, foi feita com base em outras listas que rolam pelo mundo afora. Os que eu vi estão em negrito:

01- CIDADÃO KANE (1941) Direção: Orson Welles
02 - O PODEROSO CHEFÃO (1972) Direção: Francis Ford Coppola
03 – SINDICATO DE LADRÕES (1954) Direção: Elia Kazan
04 – UM CORPO QUE CAI (1958) Direção: Alfred Hitchcock
05 – CASABLANCA (1942) Direção: Michael Curtiz
06 – OITO E MEIO (1963) Direção: Federico Fellini
07 – LAWRENCE DA ARÁBIA (1965) Direção: David Lean
08 – A REGRA DO JOGO (1939) Direção: Jean Renoir
09 – O ENCOURAÇADO POTEMKIN (1925) Direção: Sergei Eisenstein
10 – RASTROS DE ÓDIO (1956) Direção: John Ford
11 - CANTANDO NA CHUVA (1956) Direção:Gene Kelly e Stanley Donen
12 – CREPÚSCULO DOS DEUSES (1950) Direção: Billy Wilder
13 – PERSONA (1966) Direção: Ingmar Bergman
14 – O MENSAGEIRO DO DIABO (1955) Direção: Charles Laughton
15 - 2001 – UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (1968) Direção: Stanley Kubrick
16 – OS SETE SAMURAIS (1954) Direção: Akira Kurosawa
17 – O LEOPARDO (1963) Direção: Luchino Visconti
18 – TAXI DRIVER (1976) Direção: Martin Scorsese
19 – ERA UMA VEZ EM TÓQUIO (1953) Direção: Yasujiro Ozu
20 – FITZCARRALDO (1982) Direção: Werner Herzog
21 - ACOSSADO (1959) Direção: Jean-Luc Godard
22 – JULES ET JIM (1962) Direção: François Truffaut
23 – O CONFORMISTA (1970) Direção: Bernardo Bertolucci
24 – EM BUSCA DO OURO (1925) Direção: Charles Chaplin
25 – METRÓPOLIS (1926) Direção: Fritz Lang
26 – O SÉTIMO SELO (1956) Direção: Ingmar Bergman
27 – A AVENTURA (1960) Michelangelo Antonioni
28 – AMARCORD (1973) Direção Federico Fellini
29 – VIRIDIANA (1961) Direção: Luis Buñuel
30 – NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (1977) Direção: Woody Allen
31 – O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (1915) Direção: D.W. Griffith
32 - APOCALYPSE NOW (1979) Direção: Fracis Ford Coppola
33 - ERA UMA VEZ NO OESTE (1968) Direção: Sérgio Leone
34 – ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE (1956) Direção: George Stevens
35 – PSICOSE (1960) Direção: Alfred Hitchcock
36 – O MARTÍRIO DE JOANA D’ARC (1928) Direção: Carl Theodor Dreyer
37 – TOURO INDOMÁVEL (1980) Direção: Martin Scorsese
38 – OLYMPIA (1938) Direção: Leni Riefenstahl
39 – O FALCÃO MALTÊS (1941) Direção: John Huston
40 – DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964) Direção: Glauber Rocha
41 – DR. FANTÁSTICO (1964) Direção: Stanley Kubrick
42 – ROMA, CIDADE ABERTA (1945) Direção: Roberto Rossellini
43 – A DOCE VIDA (1960) Federico Fellini
44 – CHINATOWN (1974) Direção: Roman Polanski
45 – A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946) Direção: Frank Capra
46 - ...E O VENTO LEVOU (1939) Direção: Victor Fleming
47 – TEMPOS MODERNOS (1936) Direção: Charles Chaplin
48 – A UM PASSO DA ETERNIDADE (1953) Direção: Fred Zinnemann
49 – O SACRIFÍCIO (1986) Direção: Andrei Tarkovski
50 – LARANJA MECÂNICA (1971) Direção: Stanley Kubrick
51 - A GENERAL (1927) Direção: Buster Keaton
52 – O HOMEM ELEFANTE (1980) Direção: David Lynch
53 – O MÁGICO DE OZ (1939) Direção: Victor Fleming
54 – QUERELLE (1982) Direção: Rainer Werner Fassbinder
55 – A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (1967) Direção: Mike Nichols
56 – MORTE EM VENEZA (1971) Direção: Luchino Visconti
57 – A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (1971) Direção: Peter Bogdanovich
58 – OS BONS COMPANHEIROS (1990) Direção: Martin Scorsese
59 – BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDRÓIDES (1982) Direção: Ridley Scott
60 – A MALVADA (1950) Direção: Joseph L. Mankiewicz
61 – NOSFERATU (1922) Direção: Friedrich W. Murnau
62 – O ÚLTIMO TANGO EM PARIS (1972) Direção: Bernardo Bertolucci
63 – LADRÕES DE BICICLETA (1948) Direção: Vittorio de Sica
64 – ASAS DO DESEJO (1987) Direção: Wim Wenders
65 – PULP FICTION – TEMPO DE VIOLÊNCIA (1994) Direção: Quentin Tarantino
66 – REPULSA AO SEXO (1965) Direção: Roman Polanski
67 – CRIMES E PECADOS (1989) Direção: Woody Allen
68 – UMA RUA CHAMADA PECADO (1951) Direção: Elia Kazan
69 – BUTCH CASSIDY E SUNDANCE KID (1969) Direção: George Roy Hill
70 – OS IMPERDOÁVEIS (1992) Direção: Clint Eastwood
71 – PATTON – REBELDE OU HERÓI? (1969) Direção: Franklin J. Schaffner
72 – TUDO SOBRE MINHA MÃE (1999) Direção: Pedro Almodóvar
73 – UM LUGAR AO SOL (1951) Direção: George Stevens
74 – UM ESTRANHO NO NINHO (1975) Direção: Milos Forman
75 – AMOR À FLOR DA PELE (2000) Direção: Wong Kar-Wai
76 – HIROSHIMA, MEU AMOR (1959) Direção: Alain Resnais
77 – KAOS (1984) Direção: Irmãos Taviani
78 – BRAZIL – O FILME (1985) Direção: Terry Gilliam
79 – QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (1956) Direção: Billy Wilder
80 – CIDADE DE DEUS (2002) Direção: Fernando Meirelles
81 – OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS (1953) Direção: Howard Hawks
82 – UM CÃO ANDALUZ (1928) Direção: Luis Buñuel
83 – LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA (1997) Direção: Curtis Hanson
84 – PIXOTE – A LEI DO MAIS FRACO (1981) Direção: Hector Babenco
85 – BEN-HUR (1959) Direção: William Wyler
86 – FANTASIA (1940) Produção: Walt Disney
87 – SEM DESTINO (1969) Direção: Dennis Hopper e Peter Fonda
88 – DOGVILLE (2003) Direção: Lars Von Trier
89 – O IMPÉRIO DOS SENTIDOS (1976) Direção: Nagisa Oshima
90 – UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO (1968) Direção: Blake Edwards
91 – A LISTA DE SCHINDLER (1993) Direção: Steven Spielberg
92 – GUERRA NAS ESTRELAS (1977) Direção: George Lucas
93 – O PÂNTANO (2000) Direção:Lucrecia Martel
94 – CABARÉ (1972) Direção: Bob Fosse
95 – OPERAÇÃO FRANÇA (1971) Direção: William Friedkin
96 – KING KONG (1933) Direção: Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
97 – AS INVASÕES BÁRBARAS (2003) Direção: Denys Arcand
98 – FARGO (1996) Direção: Joel e Ethan Cohen
99 – M.A.S.H. (1970) Direção: Robert Altman
100 – LAVOURA ARCAICA (2001) Direção: Luiz Fernando Carvalho

Claro que nem toda lista é justa. Eu incluiria "Pierre Le-fou", ou "Bande à Part", do Godard, 2046 do Wong Kar, Blues Brothers, Terra em Transe; Ainda não vi "Crimes e Pecados" do Allen, o que quero fazer logo que terminar de baixar, assim como Metropolis, e Roma, cidade aberta. "O bandido da Luz Vermelha" do Sganzerla também faltou na lista dos nacionais; "o pagador de promessas" também é uma ausencia sentida. Já vi 38 desses, quem sabe um dia eu consiga ver todos, muito eu já tinha ouvido falar e ainda não vi, como o "Invasões Bárbaras", Fargo, Cabaré, Persona, Setes Samurais, Blade Runner, etc.
Felizmente, como a internet dá prá baixar vários deles, alguns eu comprei na americanas por um preço bem saudável, como o "crepúsculo dos deuses" do Wilder, ou os dos Hitchcok.

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the color purple


Acabei de ler a pouco tempo "The Color Purple" de Alice Walker, vencedora do Pulitzer. Absurdamente bom. Estranho, é o tipo de livro do qual a gente não sai mais o mesmo depois de ler. Há livros que apenas contam uma história, há livros que não contam nada, há livros que apenas nos falam sobre coisas que não ressoam em nossa alma. Celie é uma mulher que foi dada em casamento pelo seu pai ao Mr. ___, depois desse ter abusado dela, e com ela tido dois filhos, que foram dados a uma família. Ela não é uma mulher muito esperta, mas na casa de Mr. conhece Shug Avery, uma cantora de Blues, que é a paixão de Mr. Ela ajuda Shug se recuperar de uma doença e viram grandes amigas (mais do que amigas), já que é com Shug que pela primeira vez Celie sente prazer em uma relação sexual. Shug transforma a alma e a mente de Celie. Dá-lhe forças para lutar contra a grosseria de Mr. que batia nela por esporte. Não há romantismo no livro, os personagens são negros que vivem em uma época em que isso não era muito fácil. Eles ou ganham muito pouco nos trabalhos que faziam, e mesmo quando tinham negócios próprios os brancos faziam de tudo para que não prosperassem.

O livro é escrito na forma de cartas. Primeiro Celie começa escrevendo a Deus contando sua história. Depois aparecem as cartas da irmã de Celie, Netie, que virou missionária e foi para a África, cartas que Mr. havia escondido, mas Shug dá um jeito de achá-las e as entrega para que Celie as leia. Nesse momento lemos as correspondências que ambas trocam, narrando suas vidas, suas alegrias e tristezas, e vemos o crescimento de Celie, até ela ter coragem para peitar Mr. e ir embora com Shug. Quando enfim descobre o que é ser feliz, o que é ter vida própria e ter um caminho que ela possa percorrer com as próprias pernas.

Spielberg filmou o livro em 1985, com Woopy Goldberg como Celie, e Danny Glover como Mr., na verdade Albert, mas Celie apenas se refere a ele como Mr. (por que será?). Indicado para 11 oscars, mas não ganhou nenhum (o que é um recorde!). Woody ganhou o globo de ouro de melhor atriz.
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ps. "Rhapsody in Blue" do Geoge Gershwin é uma das músicas mais sensacionais que já ouvi na vida. O episódio do Fantasia 2000 inspirado na música dele também é maravilhoso, não sei se tem alguma conexão com o Manhattan do Woody Allen, mas o desenho começa com prédios, e se passa em Manhattan.

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terça-feira, agosto 07, 2007

hj eu não estou pra ninguém

hoje eu não estou pra ninguém
nem pra ela que voltou com gosto de perdão
e foi embora com o sol
nem pro camarada que
traz uma cerveja
pro carteiro trazendo novidades usadas
contas atrasadas e notícias de amanhã
pra primavera que logo virá me dizer acorda!
acorda! que a vida é mais forte que essa dor
esse sono essa vontade de dizer adeus pra sempre

hoje não quero estar pra ninguém, nem
nem pra Deus que é meu amigo e vai
entender meus motivos
que ele mesmo não entende
nem pro Nelsinho que vem de Curita
esse sim azarar as pequenas daqui

hoje não quero estar nem pra mim...
mesmo assim
não sei não se vou...

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