BeatBossa

domingo, fevereiro 24, 2008

o melhor cigarro



The Best Cigarette

There are many that I miss
having sent my last one out a car window
sparking along the road one night, years ago.

The heralded one, of course:
after sex, the two glowing tips
now the lights of a single ship;
at the end of a long dinner
with more wine to come
and a smoke ring coasting into the chandelier;
or on a white beach,
holding one with fingers still wet from a swim.

How bittersweet these punctuations
of flame and gesture;
but the best were on those mornings
when I would have a little something going
in the typewriter,
the sun bright in the windows,
maybe some Berlioz on in the background.
I would go into the kitchen for coffee
and on the way back to the page,
curled in its roller,
I would light one up and feel
its dry rush mix with the dark taste of coffee.

Then I would be my own locomotive,
trailing behind me as I returned to work
little puffs of smoke,
indicators of progress,
signs of industry and thought,
the signal that told the nineteenth century
it was moving forward.
That was the best cigarette,
when I would steam into the study
full of vaporous hope
and stand there,
the big headlamp of my face
pointed down at all the words in parallel lines.

Billy Collins
_____________
Como dizia o Leminski, que coisa sensacional é essa capacidade que o ser humano tem de causar sensações nas outras pessoas usando as palavras, sentir prazer em ouvir palavras, sentir tesão lendo palavras, sentir prazer estético porque as palavras são apenas o que elas são, tautológicas em si mesmas, apenas palavras.

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terça-feira, fevereiro 19, 2008

la môme



caralho! é de arrepiar: Aux armes citoyens



Esse poema também é de cagar na cabeça. Uma visão linda da morte.

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

calvin


Não tem como não amar esses carinhas.

Clica sobre a figura para ampliar.

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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

diário

moçada, esqueci de avisar, tá on-line meu outro blogue recém inaugurado. esse aqui eu fiz pra sair um pouco da vida acadêmica, aquele é só pra falar dela. visitem:
diariodeumlinguista.blogspot.com

fui

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um conto

reencontro

Os olhos deles se encontram depois de meses de silêncio e telefones não tocados:

- Quem bom te ver!

Quanto cinismo, ele pensa, tentando disfarçar um visível mal-estar, uma mariposa na garganta, um vontade perturbável de gritar.

- Eu gostaria de poder dizer o mesmo.

Essa mania de dizer a verdade a qualquer preço. Atira esperando uma reação real dela, é certamente um teste, ela está impassível, mas o sorriso é nervoso.

- Por que você ta dizendo isso, adorei o nosso último verão.

- Teve alguém que ficou de me ligar depois daquilo e... estou esperando até hoje a ligação, um e-mail, uma mensagem. Mas tudo bem, o gosto de ser usado é bom às vezes, mas não por quem a gente sente algo de verdade.

Agora é nocaute. Ela se rende. Fica nervosa, mas jamais admitirá que o erro foi seu. Astuta, acabará saindo como mocinha no final do filme.

- Sério? Eu não lembro da parte em que eu tinha que ligar pra você. Por que você não ligou?

Eu falei.

- Acho que pelo mesmo motivo que você não ligou e pelo motivo que leva a gente a não ligar um para o outro quando a saudade bate na porta, ou quando a única pessoa em que penso antes de dormir é você.

- Que motivo seria esse?

- Talvez medo de sofrer... não sei. Você não respondeu por que não me ligou.

- Se você quisesse falar comigo poderia ter ligado.

Ela sempre se esquiva. Sorrio, incomodado. A questão não é essa, o cerne todo não é esse. Ligar ou não ligar. Vivemos a nossa guerra-fria, temos um pacto de destruição mútua tácito, mas ninguém solta a primeira bomba, a tensão nos alimenta, nos nutre com a sua neura, sua ansiedade, seus medos, sua precaução. Nada acontece realmente. Nos olhamos nos olhos com uma tristeza, com uma lembrança triste do tempo em que éramos felizes e não pensar no subjuntivo era agradável como um café da manhã a dois depois de uma saudável noite de sexo.

Ou. Ela pode simplesmente me ignorar. Fazer-se de magoada ou chateada, ou sei lá o quê. Fingir que tudo aquilo foi apenas diversão. E já não significamos nada além de memórias e fotografias guardadas um para o outro. A gente nunca sabe, até viver.

___________
falar de sentimento sempre me soa piegas. mas se o pessoa tava certo em dizer que todas as cartas de amor são ridículas, todas as historias sobre amor também poderiam ser? tirando o "amor nos tempos do coléra", que é sensacional, não lembro de histórias de amor bem contadas.

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quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ressaca

carnaval é o tipo de época estranha e ao mesmo tempo fascinante. somos um povo privilegiado por termos cinco dias apenas para fazer festa. que se dane toda aquela baboseira capitalista que detesta feriados porque são dias a menos de produção. carnaval gera muita grana, por isso ele ainda existe, gera muita natalidade, trabalho pra polícia, para os hospitais, de alguma forma o país continua vivo depois de tudo isso. nada como uma boa chuva pra tirar o cheiro de mijo que impesta o centro de Floripa. Enquanto algumas pessoas preferem pagar cinquenta reais para não se misturar com a multidão e curtirem o carnaval com pessoas limpas e educadas como elas eu sinceramente prefiro a experiência antropológia da muvuca. tem todo tipo de gente, das boas e das ruins, das feias e das bonitas, das fantasiadas e das sérias, as saudáveis e aquelas para quem você pode oferecer até xixi de cachorro gelado que elas bebem e ainda pagam crendo ser uma alucinógeno novo. tem mulheres que querem sexo (todas querem na verdade), algumas explicitamente outras escolhem demais e ficam sem ninguém, muito adolescente que é até engraçado ver como eles correm e pulam de um lado para o outro como se ansiosos para agitar os hormônios em ebulição. meu carnaval começou legal, beijei na boca, fiz um sexo casual e foi isso. no sábado uma festa de quinze anos com meninas de quinze anos e casais, solteiras grávidas, solteiras muito feias para terem um namorado e as únicas mulheres que me interessaram eram a garçonete e a fotógrafa. voltei sozinho pra casa. domingo. uma festa de gente bonita, com dinheiro e bem cheirosa, bem vestida, bem educados, e com todos os dentes na boca. o jeito foi encher a cara mesmo para aguentar tanta rasgação, tanta empáfia e pra ser literal cu-doce. beijei na boca e foi uma bosta, porque sou ainda no tempo em que era bom pelo menos saber o nome de quem você estava beijando, hoje nem precisa isso, não precisa mais conversar, o que não passa de uma grande estupidez. segunda foi uma completa decepção porque não consegui um dedo de prosa com nenhuma mulher que seja; o que às vezes corrobora uma tese que tenho segundo a qual todas às mulheres interessantes a minha volta parecem estar comprometidas ou não me dão a mínima. às vezes acho que tenho um pouco de sorte e acho alguma safada pra fazer um sexo comigo, mas faz um longo tempo que não tenho um relacionamento sério e isso tem me incomodado, porque sou o tipo que gosta de relacionamentos sérios; às vezes me sinto meio ingênuo ou idealista demais, um pouco pessimista por vezes (e dá pra ser depois de ler Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan?), o jeito é ir tomar mais uma pra suportar tudo isso.

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