BeatBossa

terça-feira, dezembro 05, 2006

divago


Ela insinua-se. Olhos, cabelos, mãos pequenas e delicadas parecem que vão quebrar-se. Como se sentisse meus lábios em seu pescoço quase me denuncio. Respiro disfarçado, um suspiro que se perde na balbúrdia do bar. Continuo a falar e olho para as outras pessoas. Elas me parecem estranhas, ao mesmo tempo amigáveis. Sorriem, fazem piadas, comentários entre si. Os olhos dela não mudam. Estáticos e penetrantes. Invasivos como se adivinhassem os meus desejos. Ela se mostra mulher e necessária. Admiro-me com essa habilidade que algumas mulheres têm de se fazerem necessárias. O vazio delas me destrói. O vazio de algumas delas me destrói.

Como Tomas, de Kundera. Minha quase realização ficcional. Ela não leu Kundera. A busca em cada mulher. Diferença, detalhe, gosto, fragrância, textura. Aquilo que faz com que cada relação sexual com uma mulher diferente seja uma experiência singular e irrepetível. É uma busca infinda. Infeliz! Não há como exterminar as baratas depois que elas tomam conta do edifício: elas fazem agora parte da força vital dele. Principalmente por alimentarem-se de seu lixo.
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Aqui tem um texto muito legal do Cristóvão Tezza.

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