O ÚLTIMO REBENTO DA GAIVOTA INSONE

Gravura de Hopper

Caranguejo desdentado, segura os muros se esfolando no reboco chapiscado. Maior tristeza é a goteira do barraco em cima da cama, o homem da rua não encontra compania, fica só por teimosia mas pra casa não vai não, quem canta isso? Chuva forte, vento assobiando no zinco, a cama arrastada do lugar.
- Nem pra consertar isso você presta homem.
Avista o último ônibus da madrugada passando lá na esquina. A última súplica do algoz.
- Agora fodeu, só amanhã cedo, a nega vai me matar.
Pelo menos a praia não tem cheiro de cidade, e os maconheiros, os gays, os hippies e outras hordas mais ou menos punks devem ter ido para outro canto. Acordado pelas ondas que quebram, um surfista que se alonga. o susto de ser resgatado por um salva-vidas já na areia.
Em casa, a escadaria cresce a cada degrau, pelo menos veio vomitando no ônibus, cada dia maior, a areia ralando a costura da cueca na virilha.
Mão no bolso.
- Aquelas putas me levaram até o cartão do ônibus.
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* Final de semana, bebedeiras, muita vodka, muita cerveja, domingo praia, céu azul turquesa, bundas cor de caramelo viradas para a lua e minha baba escorrendo pelo canto da boca, pois é, pois é...
+ comprei "a mulher mais linda da cidade" do velho Buk, puta merda devia ter descoberto esse cara quando estava no colegial. Pensando bem, melhor não, talvez eu não tivesse sobrevivido à minha adolescência;
& Parece mentira, mas lendo as coisas do velho percebi que eu não sou o único a fazer coisas doidas quando está bêbado, eu gosto muito de quebrar copos, um dia ainda vou escrever as coisas bizarras que fiz aqui, um amigo meu disse que eu tinha que escrever minhas memórias, quem sabe;
= Para deixar o blogue mais funcional optei por deixar apenas um sistema de comentários, o do haloscan, é mais simples, sem verificação de palavras, dá até para colocar foto, praticamente unanimidade, desculpem pelos comentários que sumiram dos outros posts, espero que perdoem e que tenham aprovado a mudança, eu creio que fica melhor assim;
@ links atualizados, o site oficial da Alice Ruiz, viuva do Leminski, poetisa e letrista, tem também o do Jornal de Poesia, tem bastante coisa legal, dos mais aos menos conhecidos;
^ Já notaram quanto escritor se suicidou? Torquato, Ana C. César, Hemingway, Michel Pecheux (filósofo), Virginia Wolf, devem haver mais, mas não lembro agora, o Kurt Cobain, ajuda aí povo... (os que morrem de tuberculose ou overdose não vale);
Vou me despedindo com uns versos da Ana Cristina César, que engrossa a lista dos suicidas:

Este Livro

"Meu filho. Não é automatismo. Juro. É jazz do
coração. É prosa que dá prêmio. Um tea for two
total., tilintar de verdade que você seduz,
charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a
carapuça.
E cante.
Puro açúcar branco e blue."

Boa semana a todos...